quarta-feira, 29 de julho de 2015

Você conhece a "Síndrome de Hulk"?


A Uol Saúde, lançou nesta terça feira uma matéria a respeito do TEI - transtorno Explosivo Intermitente, também conhecido como "Síndrome de Hulk". Você já conhecia? Não? Então confira a matéria.
O chamado Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) é classificado como um transtorno de impulso, pois, normalmente, o paciente tem dificuldade para controlar sua agressividade, que costuma ser desproporcional à situação que a desencadeou.


Porém, nem todo mundo que tem acesso de fúria tem o TEI. "Essas explosões devem acontecer de duas a três vezes por semana em um período de três meses ou o paciente precisa ter tido três grandes explosões em um período de um ano para caracterizar esse transtorno. É preciso ser recorrente e não uma situação banal de estresse", afirma a coordenadora do grupo de TEI do Ambulatório dos Transtornos do Impulso, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, Liliana Seger.
Diferença entre transtornos
O paciente com TEI nunca consegue premeditar o ataque, diferente das pessoas com outros transtornos psiquiátricos como bipolaridade e conduta antissocial. "Quando via, já tinha feito, já estava histérica, gritando ou atacando alguém. Só conseguia parar para pensar depois no que tinha acontecido. Essa questão do descontrole era uma característica muito forte em mim", relembra L.

Depois de uma explosão de raiva intensa, a sensação mais comum que acomete esses pacientes é o sentimento de culpa, arrependimento e vergonha. "Depois que acontecia, ficava mal, deprimida e chorava muito porque, no fundo, sabia que tinha algo errado", reconhece a designer de interiores.

Segundo a psicóloga Vânia Calazans, pesquisas científicas apontam que as principais causas deste transtorno é a disfunção na produção da serotonina e a hereditariedade. "A criança aprende por modelação, portanto, quando ela vê o pai ou a mãe com um comportamento agressivo, isso desencadeia uma ansiedade maior e ela passa a desenvolver esse mesmo tipo de comportamento, já que ela cresceu nesse ambiente", explica.

L. reconhece que sua mãe tem as mesmas características que tinha antes de começar o tratamento. "Ela é muito estressada. Teve um episódio que ela jogou uma caneca de cerâmica na direção do meu pai. Até hoje tem a marca na parede de casa. Comentei sobre a possibilidade de tratamento, mas ela é de uma geração que tem um preconceito muito grande com relação à terapia", afirma.

"Essa dificuldade de gerenciar o sentimento da raiva causa muitos prejuízos na vida do paciente. Muitos só resolvem buscar tratamento depois de sofrer grandes perdas na vida profissional e amorosa. Em alguns casos, nem os familiares aguentam mais o comportamento", afirma Vânia.
SUS oferece tratamento gratuito

O tratamento para quem sofre de TEI requer uma combinação de psicoterapia com medicamentos para ansiedade e depressão. "A literatura especializada aponta que o tratamento psicoterápico traz os melhores resultados para o paciente, pois ele oferece ferramentas para que ele aprenda a gerenciar o sentimento de raiva e externalizar suas emoções", diz Vânia.
As pessoas que se identificam com os sintomas do transtorno podem buscar o grupo de TEI do Ambulatório dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, que tem tratamento gratuito disponibilizado via SUS (Sistema Único de Saúde). Para participar do grupo, os pacientes precisam se inscrever e responder a um questionário online, além de passar por uma avaliação presencial e neuropsicológica, já que é preciso excluir a existência de outras doenças ou transtornos.
O tratamento é composto por 15 sessões de terapia cognitivo comportamental em grupo. "Lá, eles aprendem a lidar com a raiva de uma forma diferente e também é disponibilizada a medicação de forma gratuita. Às vezes, os pacientes mantêm a medicação mesmo após o fim do programa, pois o transtorno é como uma doença qualquer, tem que controlar sempre", explica a coordenadora Liliana Seger.
Leia mais: UOL SAÚDE
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sábado, 13 de junho de 2015

Polêmica!


Você conhece o coaching de vida? Sabe para que serve? Como funciona?
Simples, o coaching de vida busca a satisfação pessoal, dos relacionamentos familiares, amorosos, trabalha a motivação, auto-confiança e muito mais.


Até aqui parece ótimo, não é mesmo?


Ok, agora eu vou te dizer uma coisa que eu nunca vi nenhum profissional dizer publicamente.


O coaching de vida pode ser um processo maravilhoso e, muita gente que eu conheço já fez e recomenda. Uma pena que essa modalidade esteja sendo usada por profissionais sem preparo para identificar os transtornos ou síndromes psicológicas.

Acredite quando eu digo que essas ferramentas são muito poderosas e, por isso mesmo, jamais poderiam ser aplicadas por pessoas que não conhecem sobre o funcionamento psicológico.

Já imaginou um cliente com tendências suicidas buscando o coaching de vida? Como um profissional sem conhecimento poderia identificar se esse cliente pode ou não realizar um processo de coaching de vida?

Nas formações de coaching os profissionais são orientados a não atender pessoas em desequilíbrio emocional, pois o coaching só poderia ser aplicado em pessoas "psicologicamente saudáveis".

Infelizmente não é isso que está acontecendo. Até porque as emoções frequentemente encontradas em um processo de coaching de vida são confundidas e mal compreendidas.

A cada dia as formações em coaching vem aumentando e os formandos, inocentemente, (eu imagino) seguem trabalhando com o coaching de vida sem conseguir identificar uma depressão, por exemplo.

DICA PARA COACHES:

Então se você é coach e não tem nenhuma formação em psicologia ou medicina, fique com a minha intenção positiva de te alertar sobre o perigo de seguir nesse caminho sem o conhecimento necessário sobre a psique. Se você gosta do que faz e quer ser um ótimo profissional, busque uma formação em psicologia, ou algo que te capacite para compreender mais sobre o funcionamento da mente, antes de continuar trabalhando com essa modalidade.

É isso, espero que você compreendam a minha intenção ao alertar sobre o coaching de vida. Não quero de forma alguma denegrir a imagem dos profissionais coaches, muito pelo contrário, quero evitar que coisas perigosas possam acontecer.

Por: Viviane Lopes de Almeida
www.psicoclique.com.br

domingo, 5 de abril de 2015

O que você precisa saber sobre depressão.

"Quem nunca se sentiu triste alguma vez na vida? Na maior parte das vezes, é uma tristeza momentânea e que não demora muito a passar. Mas, em alguns casos, essa tristeza pode quase paralisar a vida da pessoa e durar muito tempo." O post de hoje fala sobre depressão sob um olhar do vlog Minutos Psíquicos.



segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Gestalt-terapia


Essa abordagem da Psicologia que nasceu da conjunção de diversas teorias:

·         A Psicanálise;
·         A Psicologia da Gestalt;
·         A teoria organísmica;
·         A Teoria de Campo;
·         O holismo;
·         O pensamento oriental;
·         Os princípios do Humanismo;
·         A Fenomenologia e o Existencialismo.

Psicologia da Gestalt é uma abordagem da psicologia que focaliza a organização da percepção e do pensamento como um “todo” preferencialmente aos elementos individuais da percepção. A percepção depende de fatores objetivos e de fatores subjetivos. Os aspectos objetivos dependem das necessidades do sujeito. E toda essa relação, ou melhor, esse contato, se dá no campo organismico/meio. Esse é um processo contínuo de reciprocidade em que o homem e mundo se transformam. A experiência humana é relação, é contato. Viver é contato. (Logo abaixo leia mais sobre a explicação o conceito de Contato). 

 
O segundo fundamento apresentado por Perls é a Homeostase. Importando o conceito da Biologia, Perls entende que o comportamento humano se dá a partir de uma importante premissa: eles são governados pelo processo que os cientistas chamam de homeostase e os leigos chamam de adaptação. Toda a vida é caracterizada pelo jogo contínuo de estabilidade e desequilíbrio do organismo.

O conceito de organismo também é amplo, sendo cada ser humano um organismo completo e funcional por si mesmo.

O terceiro fundamento da Gestalterapia pretende declarar que o ser humano é um organismo unificado, não podendo ser separado em partes sem que se perca a visão e a compreensão do todo.

Este conceito nasce como uma crítica frontal às escolas psicodinâmicas e comportamentais, que fragmentam a experiência humana, uma a partir das determinações do inconsciente e outra a partir dos condicionamentos e aprendizagens. Para Perls isso não é possível, pois o ser humano é inteiro, uno, indivisível.

O quarto fundamento apresentado por Perls é o Contato.
Contato é Processo contínuo de transformação e crescimento na troca com o meio.
Organismo e meio se mantém numa relação de reciprocidade em que um não é vitima do outro. O contato com o meio é inevitável e indispensável na experiência humana. O surgimento da neurose pode se dar justamente nesta dificuldade de se manter um contato saudável com o meio. A fronteira estabelece o contorno, o limite, que é o local onde ocorre o contato. O Eu e o Não Eu; O Eu e o Outro; O Conhecido e o desconhecido. A fronteira delimita e ao mesmo tempo possibilita o contato, inclui o contato.

Mas o contato também pode se dar consigo mesmo, em função de nossa habilidade de dividir-se em observador e objeto observado; Isto promove a integração, a apropriação de si mesmo - O colocar sob o domínio do “eu” ou “habitar” aspectos que anteriormente não estavam sob este domínio.

As Fronteiras do “EU’ - Gama de Fronteiras, que definem Ações - Idéias - Pessoas - Valores - Ambientes - Imagens. Podem ser rígidas ou Flexíveis.

Fronteiras do Corpo
Fronteiras - de - valor
Fronteiras de Familiaridade
Fronteiras Expressivas
Fronteiras de Exposição

Qualquer tipo de relação viva que ocorre na Fronteira Eu - Não Eu, é contato. Ver, ouvir, pensar, ter consciência, falar, manipular, lutar, etc. São formas de contato. A Fronteira entre o Self e o ambiente deve ser permeável para permitir trocas, porém suficientemente firme para ter autonomia. Na Gestalt-Terapia trabalhamos com as confusões, impedimentos na fronteira de contato que diminuem as possibilidades de crescimento e transformação criativa da relação homem / mundo.


Quando a fronteira entre o Self e o outro perde a permeabilidade a nitidez ou enrijece, acontece os distúrbios de contato. Para a Gestalt Terapia o contato ou a qualidade do contato é um dos critérios na definição de saúde e adoecimento.

 
SELF é o sistema de contatos em qualquer momento no campo organismo meio. É o sistema complexo de contatos necessários ao ajustamento no campo imbricado. É o processo de figura-fundo em situações de contato. Seu ser no mundo – variável conforme as situações.

Os três modos do Self são:

• A função “Id” ligada às necessidades vitais, tradução corporal: fome, sede, satisfeito.
• A função “Eu” é ativa, ligada as escolhas, rejeições, responsabilidade. É a tomada de consciência que permite a manipulação com o meio.
• A função “Personalidade”, a sua autoimagem, ela que permite a integração e assimilação.

As resistências

Este mecanismo de defesa ou de evitação do contato depende de sua intensidade, sua maleabilidade ou momento de ocorrência, podendo ser saudáveis ou patológicos. As gestalten inacabadas, ciclos interrompidos, perturbações na fronteira de contato, não permitem o desabrochar do self. Na confluência, a separação entre o Self e o outro perde a nitidez. A fronteira é tão tênue que permite a fusão eu-outro. No isolamento, a fronteira torna-se tão impermeável que a união é perdida.

Na retroflexão há uma substituição, a ação acontece no Self e não no meio. A retroflexão é uma divisão dentro do Self, uma resistência a aspectos do Self pelo Self. A ilusão da auto suficiência - substitui o Self por ambiente.

Na introjeção o material externo é absorvido sem discriminação ou assimilação. Ex. engolir sem mastigar as ideias, hábitos etc. Na introjeção o self é invadido pelo mundo externo.

Na projeção é o self que transborda é invade o mundo exterior. A projeção é a tendência a atribuir ao meio a responsabilidade por aquilo que tem origem no self.

A deflexão é o ato de evitar o contato direto ou a awareness. Há um desvio da energia, cria-se um escape. No bom funcionamento, há alternância entre união e separação.

Awareness é, para Perls, a sua habilidade humana de estar em contato com seu campo perceptual total. É a capacidade de estar em contato com sua própria existência, de notar o que ocorre dentro de você ou à sua volta, de conectar com o ambiente, com outras pessoas e com você mesmo; saber a que você está sensível ou o que está sentindo ou pensando; como você está reagindo neste momento. A Awareness não é somente um processo mental: ela envolve todas as experiências, sejam elas físicas ou mentais, sensórias ou emocionais. É um processo conjunto no qual a totalidade do organismo está
engajada: ‘Awareness é como a brasa de um carvão, que provém de sua própria combustão (o organismo total)’. (Perls, Hefferline e Goodman, 1951/1973, p.106)[1].

Awareness - “É uma forma de experienciar, é o processo de estar em contato com o evento mais importante do campo organismo /meio com pleno suporte sensório-motor, emocional, cognitivo e energético. Um continuum de awareness, fluído e não interrompido, leva a uma descoberta, uma apreensão imediata da unidade obvia de elementos isolados no campo”. (Insight)
Através desse contato, novos todos são criados. (Yontef, 31). O contato com awareness gera totalidades significativas novas e, portanto, é em si a integração de um problema. Awareness compreende o conhecimento do ambiente, a responsabilidade pelas escolhas, o auto conhecimento, a auto-aceitação e a capacidade de contato.

  • Eu posso ter contato sem awareness mas não posso ter awareness sem contato.

  • Awareness é sempre aqui e agora, mutante, desdobrando-se, transcendendo.

  • Awareness só é eficiente quando fundamentada e energizada pela necessidade predominante presente no organismo, pelo reconhecimento direto da realidade da situação, e pelo aqui e agora.

  • Awareness - é método por meio do continuum de presentificação. É processo, e também é o próprio objetivo da psicoterapia.


SUPORTE
O homem é uma parte do campo organismo /meio. Visto em si mesmo - ele é um todo ou parte composto de partes, dimensões:

•orgânica
•emocional
•cultural
•intelectual

O homem tem memória - que permite o acesso a suas experiências passadas.

  • Imaginação - que permite acessar experiências virtuais.
  • Inteligência - acesso ao abstrato, simbólico.

O homem é um sistema no qual as partes são inter-relacionadas dinamicamente numa
perspectiva de organização e auto-regulação que visa um equilíbrio dinâmico.

SUPORTE É A INTER-RELAÇÃO DESTE TODO

Suporte inclui:

  Fisiologia
  Postura
  Coordenação
  Equilíbrio
  Aprendizagem
  Experiências vividas
  Sensibilidade
  Mobilidade
  Linguagem
  Hábitos
  Costumes
  Defesas adquiridas

  •  O Auto Suporte - essencial para o contato. Na terapia trabalhamos o desenvolvimento do auto-suporte. Durante o processo parte do suporte pode estar no terapeuta ou na relação terapêutica.

Porém visamos a passagem do apoio excessivo em suporte alheio para o restabelecimento de recursos próprios (vida adulta). Também podemos trabalhar com o cliente a conscientização da situação de interdependência humana.

Na relação terapêutica, o terapeuta precisa saber de seu auto suporte para garantir a qualidade de sustento do campo terapêutico. A falta de suporte é experienciada como ansiedade, por exemplo: nas manifestações corporais. O suporte é tudo que se tem à disposição para o contato pleno.

AUTO REGULAÇÃO ORGANISMICA

O processo de auto-regulação (homeostase) é que possibilita ao organismo manter seu
equilíbrio, sua saúde sob condições adversas. A auto-regulação é o processo pelo qual o
organismo interage com seu meio na constante busca pela satisfação de suas necessidades.

A auto-regulação é a capacidade do organismo atualizar suas potencialidades, baseada num reconhecimento completo e relativamente acurado da situação vivida no Campo Organismo / Meio.

A auto-regulação do organismo se encarrega de descartar os padrões fixos do passado tão logo tenham perdido sua utilidade. Assim o conhecimento inútil é esquecido, o caráter dissolvido. A lei se aplica em ambas as direções:

“Um padrão persiste pela função e não por
inércia; e um padrão é esquecido não devido
a um lapso de tempo, mas sim devido a falta
de função”.

“Na auto-regulação a escolha e o
aprendizado acontecem de forma holística
com uma integração natural de corpo e
mente, pensamento e sentimento,
espontaneidade e deliberação”.

A auto regulação exige que o habitual se torne totalmente perceptivo quando necessário.

AJUSTAMENTO CRIATIVO

É a capacidade do indivíduo se auto regular dentro do meio de maneira ativa, por meio
de um contato vivo, espontâneo, autêntico e que permita abertura ao novo e ao potencial
criativo e transformador do indivíduo.

“O ajustamento criativo é a própria dialética
de continuidade e mudança com a insersão
estrutural do novo no velho, para formar
comele uma nova configuração.”
A mobilidade estrutural do todo é a base da criatividade. O ajustamento criativo inclui auto-regulação, abertura ao novo, contato vivo e vitalizado em contraposição a controle externo, dependência, aprisionamento e comportamento estereotipado.

O ajustamento criativo não se confunde com conformismo disfarçado ele sugere a superação das estruturas relacionais que já não são funcionais, sem negá-las enquanto
matriz.
A pessoa que revela interação criativa assume responsabilidade pelo equilíbrio entre o Self e seu meio.

GESTALT INACABADA

Situação inacabada subjacente à gestalt incompleta e que atrapalhará a formação de novas e fortes gestalten, impedindo o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo.
Experiências vividas sem um fechamento satisfatório e que clamam por um fechamento.

A neurose e a psicose são concebidas como perturbações na elasticidade do processo de formação figura-fundo. Na psicose a disfunção está mais agravada.

GESTALT CRISTALIZADA

No cerne dos comportamentos disfuncionais ou neuróticos, percebemos a perpetuação do
modo de ser que não assimila as alterações do meio, as novas necessidades ou possibilidades de respostas. Esses comportamentos são processos cristalizados.Teoria paradoxal da mudança

“A mudança ocorre quando uma pessoa se torna
o que é, e não quando tenta converter-se no

que não é.”


VISÃO GERAL DO FUNCIONAMENTO DA GESTALT




Aula Professor Roberto Peres Veras & Professora Ivete ministradas no curso de psicologia da Faculdade Unisa sobre Abordagens Humanistas. 

Fenomenologia e Existencialismo

O existencialismo que se propõe a entender o ser humano a partir da sua existência, antes de procurar a sua essência. Os existencialistas entendem que aquilo que marca a vida diária das pessoas é que se oferece como a melhor chave de entendimento do fenômeno humano.

No existencialismo o homem cria seu ser-no-mundo e é responsável por suas escolhas; Ser-no-mundo é um modo peculiar de existir. Cada ser humano é um ser-no-mundo distinto. É um Ser que se relaciona com o Mundo. Por “Mundo” podemos entender, segundo Forghieri (2006), o conjunto de relações significativas dentro do qual a pessoa existe. Além disso, pode-se entender o mundo sob três aspectos diferentes e simultaneamente relacionados: o “Mundo Circundante” (É o contato do indivíduo com as situações concretas, como alimentar-se, ter interagir com a natureza, suas necessidades fisiológicas, e etc.), o “Mundo Humano” (É a relação de uma pessoa com outra pessoa, uma relação de comunicação e troca) e o “Mundo Próprio” (É a relação de um ser consigo mesmo, o significado que dá as experiências e a possibilidade de se atualizar).

Essa vivência de ser-no-mundo permite que a pessoa encare o tempo e o espaço de maneira distinta, própria, dependente da sua forma de existir e das características da sua experiência. Trata-se da capacidade humana de “Espacializar” e “Temporalizar”, conceitos indispensáveis na compreensão do ser humano na perspectiva do Existencialismo.

Temporalizar é uma experiência que somente os seres humanos têm. Os animais não têm a relação que nós estabelecemos com o tempo. Somente nós é que conseguimos atribuir significado peculiar ao tempo, significado que vai além do cronológico. Só nós podemos vivenciar o tempo de acordo com a nossa experiência. Por exemplo, se uma pessoa viveu momentos difíceis é possível que ela temporalize pensando sempre no passado, que é uma condição muito presente em pessoas depressivas. A temporalização tanto pode ser voltada para o passado (recordações), para o presente, quanto para o futuro (antecipações).

Espacializar, segundo Forghieri (2006), consiste no modo como vivenciamos o espaço da nossa existência. Ou seja, atribuímos significações subjetivas ao espaço que ocupamos no nosso existir. A espacialização tanto pode ser atrativa como repulsiva. Uma pessoa pode se atrair mais para um ambiente do que para outro, que lhe desperta memórias e sentimentos repulsivos.

Na filosofia, a expressão "condição humana" tende a suplantar a de "natureza humana" para designar a situação singular e única de cada homem no mundo (físico e social) e na história. De acordo com o existencialismo, essa condição humana seria a de nascimento, crescimento, envelhecimento, adoecimento, sofrimento e morte.

Quando uma criança nasce, o mundo está estabelecido assim como os anseios e as preocupações diante do mundo. Porém, com o seu nascimento a história no mundo se inicia tanto para a criança (com as questões fundamentais que para ela aparecem), como para os que a acompanham. Com ela também se inicia a esperança, que lá surja como possibilidade, respostas às questões do destino humano. O seu reconhecimento como indivíduo separado e, ao mesmo tempo, como ser humano semelhante aos demais é uma condição paradoxal, porque essa é uma questão que nos remete à singularidade e universalidade dos seres humanos. Por tanto, trata-se de uma construção pessoal pertencendo a coletividade. Além disso, vivenciar a condição humana permeia uma condição paradoxal de materialidade, no que se refere às questões corpóreas e espiritualidade, de divindade e alma (Pés na terra sonhando com o céu). Um ser finito que anseia pelo infinito (ideias, sonhos, utopias); E percebe conceitos sobre o que é mortal e a imortalidade; Vivenciando um espaço privado e compartilhado; Ordinários almejando o extraordinário. (Heráclito).
A condição humana permite busquemos o enraizamento e a abertura. Enraizamento seria a constituição das raízes na condição humana. “Encontrar raízes é encontrar lugar a partir do qual é possível destinar-se.” Cardella (2011). Criar sentido. Podendo seguir numa Dimensão horizontal: transito no mundo e em uma Dimensão vertical: altitudes e profundidades do existir humano.

A condição humana pressupõem:

Registros Ônticos, ou seja, registros dos contatos: a biografia do ser, suas necessidades, conflitos, limites, projetos e etc...

Registro ontológico (Estudo da existência): Ethos humano. (Ethos significa costumes de um grupo). Constituem o Ethos: a hospitalidade; o pertencimento; o reconhecimento; a singularidade; a criatividade; a responsabilidade; a transcendência.
O método experimental: Todos os cientistas, de qualquer área, buscam captar e explicitar o verdadeiro significado da realidade e para isso entendem que precisam de objetividade. Esta é a lógica da ciência moderna. O método experimental busca a objetividade através da anulação da subjetividade. A partir do século XIX, o método experimental passou a ser utilizado por todas as ciências, inclusive pela Psicologia, o que implicou em considerar o ser humano como um objeto entre tantos outros objetos na natureza, governado por leis naturais que determinam seus eventos psicológicos.


A fenomenologia é um tratado científico a respeito da descrição e classificação dos fenômenos. É uma ciência subjetiva que estuda o próprio fenômeno. O termo “Fenomenologia” provém do grego “phainesthai” que é tudo aquilo que se revela, não somente aquilo que aparece ou parece e, “logos” que significa estudo, pensamento -capacidade de refletir. Por tanto, é uma reflexão sobre um fenômeno ou sobre aquilo que se mostra. O que se mostra e como se mostra.
           
Surge no cenário da filosofia como uma contestação ao método experimental, especialmente quanto ao seu uso pelas ciências do ser humano, como a Psicologia, por exemplo. A Fenomenologia implementa um modo diferente de se fazer ciência e adquirir conhecimento. Apresenta um método para compreender o sentido das coisas, tanto temas filosóficos, quanto temas tradicionais. Assim, temos que percorrer um caminho para chegar à compreensão do sentido das coisas. *Edmund HUSSERL, proponente da Fenomenologia busca interpretar o mundo através da consciência de um determinado sujeito, segundo as suas experiências. Essa é a essência de um determinado fenômeno, que é encontrada através do processo de redução fenomenológica (Esse é consciência, em um fenômeno que consiste em se estar consciente de algo. Coisas, imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos, eventos, memórias, sentimentos, etc. experiências de consciência), todas as coisas são caracterizadas por serem inacabadas e por estar em constante processo de modificação. Ou seja, a fenomenologia é um método que pretende chegar ao fenômeno por *visão categorial para compreender sua essência.

  • A percepção categorial é imediata, espontânea, pré-reflexiva, própria da vida cotidiana. Nela não há separação entre consciência e objeto, este é captado na sua totalidade por intuição.
·         Considerações sobre o pai da fenomenologia, Edmund Husserl - (1859 -1938) morava em um antigo império austríaco hoje república checa. Estudou física, matemática, astronomia e filosofia em varias universidades, como Berlim e Viena. Em 1884, foi para Viena, obter contato com Franz Brentano e descobre sua vocação filosófica.

A Fenomenologia entende que o caminho para se compreender o fenômeno deve ser construído pela descrição. A descrição leva o observador à experiência do fenômeno. Assim que o investigador se envolver na observação, uma experiência entre ele e o fenômeno começa a se processar, dando-se, a seguir, a automanifestação do fenômeno, ou seja, o próprio fenômeno inicia o seu processo de revelação. “Suspenso” de qualquer julgamento ou teoria, o observador fenomenológico tem condições de ver atentamente e chegar à “descrição” do fenômeno, e a descrição é um ato que nasce da observação desnudada de apriorismos.

A relação sujeito-objeto, ocorre no direcionamento da consciência (de um ser) para um objeto e depois volta do objeto para a consciência, é assim que se dá a intencionalidade. Ou seja, a consciência é sempre intencional e está constantemente voltada para um objeto e este é sempre objeto para uma consciência. A intencionalidade é o ato de atribuir um sentido. É ela que unifica a consciência e o objeto, o sujeito e o mundo.

Uma definição simplificada de Fenomenologia.
“Um modo de investigação da realidade que consiste na investigação e descrição cuidadosa dos fenômenos, com o compromisso por parte do investigador de deixar de lado ideias pré-concebidas, teorias explicativas, apriorismos e pressupostos.”

Esse processo de investigação se constitui da seguinte forma:
Vemos a realidade, a observamos com atenção, a descrevemos fielmente, e damos nossa compreensão cuidadosa, trabalhamos no aqui e agora; estando atentos à temporalidade, à espacialidade, como a pessoa se revela na terapia, estamos atentos à pessoa como um todo.
(Ribeiro, J.P.,1997)
Atitude fenomenológica é de:
Questionar o que se vê;
Buscar naquilo que se apresenta o como da relação;
Desdobrar o sentido da fala do cliente: o que é?
“Ir à coisa mesma” perseguir o dado que se repete;
Não só descreve mas percebe o diferente no que se repete.

O terapeuta com seus instrumentos ajuda o cliente a perceber seus próprios instrumentos para poder lidar com suas questões. Não só descreve mas percebe o diferente no que se repete. De acordo com a fenomenologia devemos questionar o que se vê, buscar saber como se dá as relações e o desdobrar do sentido da fala do cliente (O que se repete? Como se apresenta?). O comportamento repetido acaba surgindo quando há um processo inacabado e que necessita de fechamento.

Aula Professor Roberto Peres Veras & Professora Ivete ministradas no curso de psicologia da Faculdade Unisa sobre Abordagens Humanistas.