Também é útil destacar a diferença entre entrevista inicial e primeira sessão.
Basicamente, “a entrevista inicial antecede ao contrato, enquanto a primeira sessão concerne ao fato de que a análise já começou formalmente.” (Zimerman, 2004, p.58)
Na prática terapêutica, alguns profissionais costumam cobrar pela entrevista inicial, em contrapartida, para outros cobram apenas a partir a primeira sessão. O que você pensa a esse respeito?
Qual é a real
finalidade da entrevista inicial?
É essencial para que o
terapeuta possa levantar informações sobre a situação metal, emocional, física,
talvez patológica e factual da vida desse sujeito em busca de análise. Além de
reconhecer os “prováveis riscos e benefícios” que envolverão esta relação analítica.
(...) Também é fundamental estimar a “qualidade da motivação” do paciente,
conscientes e inconscientes. (Zimerman, 2004)
Como elaborar a
primeira impressão diagnóstica numa entrevista inicial?
É preciso levar em
consideração alguns aspectos:
“1.
Nosológicos (uma determinada categoria clínica). 2. Dinâmico (a lógica do inconsciente) 3. Evolutiva
(cada etapas, preponderância de vazios, carências orais, defesas obsessivas,
etc.). 4. Funções do ego ( “capacidade
sintética do ego”). 5. Configurações
vinculares (dentro da família ou fora dela). 6. Comunicacional ( na atualidade, esse aspecto adquire uma grande
relevância). 7. Corporal (cuidados
corporais, auto imagem, presença de hipocondria de somatizações) 8. Manifestações transferenciais e contra
transferenciais, etc.” (Zimerman, 2004, p. 59).
Para avaliar os pós e
contras de uma relação analítica é preciso diferenciar os conceitos de analisabilidade e de acessibilidade. A analisabilidade é essencialmente
apoiada na face diagnóstica clínina (se o paciente tem alguma patologia mental
de origem física e/ou psíquica). Na acessibilidade o olhar do analista não é voltado
apenas à patologia, mas à “personalidade total” do paciente. (Zimerman, 2004).
A principal contraindicação
para realização da análise é a incapacidade por parte do paciente de elaborar.
Uma vez que esta é a ferramenta básica para eficácia do processo terapêutico psicanalítico.
Após a entrevista
inicial é proposto um contrato, que é fundamental para estabelecer a base da
relação entre analista e paciente. Segundo o dicionário a palavra contrato significa:
“s.m. Acordo, trato em que duas ou
mais pessoas assumem certos compromissos ou obrigações, ou asseguram entre si
algum direito.”. Logo, o termo aplicado a relação terapêutica serve para
definir “papéis e funções , centrada na natureza de trabalho consciente (
direitos e deveres de cada um, combinações de valores e forma de pagamento,
horário, plano de férias, etc.)”. (Zimerman, 2004, p.62).
Segundo Zimerman (2004
p.63) é esperado do analista:
Que este esteja motivado para atender analiticamente um
paciente;
Ter claro, seu projeto terapêutico e saber se este está de
acordo com o objetivo que é obter resultados terapêuticos satisfatórios;
Perceber se tem conhecimento teórico-técnico para lidar com
pacientes regressivos;
Averiguar se preenche as “condições necessárias mínimas”
postuladas por Bion (1992);
Deve se utilizar de vários recursos “táticos de abordagem e
estilos pessoais de interpretação”, mesmo que isso signifique transpassar os
limites das regras analíticas, sem modifica-la em sua essência;
Deve reconhecer a
origem de sua contratransferência;
“Deve estar
capacitado de se envolver afetivamente com o paciente sem ficar envolvido”;
Deve ser
despojado de pretensão quanto terapeuta;
Não deve se “saturar”
com o desejo de cura;
Precisa “trabalhar
em condições de conforto físico, emocional e espiritual”.
Não há
similaridade, “isto é, os dois do par analítico não são iguais, diferentemente
do que imaginam muitos pacientes regressivos, (...) que tem dificuldade de admitir
que o terapeuta é uma pessoa autônoma, tem a sua própria técnica e o seu
próprio estilo de trabalhar; pensar e viver”. (Zimerman, 2004 p. 65).
Por fim, “a
relação que o paciente reproduz com o analista é isomórfica (ou seja, na
essência, eles se comportam de uma “mesma forma”, como seres humanos que são). O
conceito de isomorfia não deve ser confundido com a ideia de que o analista será
substituto para uma mãe ou pai, mas sim que ele desempenhará (se necessário),
transitoriamente as funções de maternagem (ou outras equivalentes) que o paciente
carece.” (Zimerman, 2004 p. 65).
Referência:
Zimerman, David
E. (2004) Manual de técnica psicanalítica: uma re-visão/ David E. Zimerman.
Porto Alegre. Artmed.
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