O existencialismo que se
propõe a entender o ser humano a partir da sua existência, antes de procurar a
sua essência. Os existencialistas entendem que aquilo que marca a vida diária
das pessoas é que se oferece como a melhor chave de entendimento do fenômeno
humano.

Essa vivência de
ser-no-mundo permite que a pessoa encare o tempo e o espaço de maneira
distinta, própria, dependente da sua forma de existir e das características da
sua experiência. Trata-se da capacidade humana de “Espacializar” e
“Temporalizar”, conceitos indispensáveis na compreensão do ser humano na
perspectiva do Existencialismo.
Temporalizar é uma
experiência que somente os seres humanos têm. Os animais não têm a relação que
nós estabelecemos com o tempo. Somente nós é que conseguimos atribuir
significado peculiar ao tempo, significado que vai além do cronológico. Só nós
podemos vivenciar o tempo de acordo com a nossa experiência. Por exemplo, se
uma pessoa viveu momentos difíceis é possível que ela temporalize pensando
sempre no passado, que é uma condição muito presente em pessoas depressivas. A
temporalização tanto pode ser voltada para o passado (recordações), para o
presente, quanto para o futuro (antecipações).
Espacializar,
segundo Forghieri (2006), consiste no modo como vivenciamos o espaço da nossa
existência. Ou seja, atribuímos significações subjetivas ao espaço que ocupamos
no nosso existir. A espacialização tanto pode ser atrativa como repulsiva. Uma
pessoa pode se atrair mais para um ambiente do que para outro, que lhe desperta
memórias e sentimentos repulsivos.
Na filosofia, a
expressão "condição humana" tende a suplantar a de "natureza
humana" para designar a situação singular e única de cada homem no mundo
(físico e social) e na história. De acordo com o existencialismo, essa condição
humana seria a de nascimento, crescimento, envelhecimento, adoecimento,
sofrimento e morte.
Quando uma criança
nasce, o mundo está estabelecido assim como os anseios e as preocupações diante
do mundo. Porém, com o seu nascimento a história no mundo se inicia tanto para
a criança (com as questões fundamentais que para ela aparecem), como para os
que a acompanham. Com ela também se inicia a esperança, que lá surja como
possibilidade, respostas às questões do destino humano. O seu reconhecimento
como indivíduo separado e, ao mesmo tempo, como ser humano semelhante aos
demais é uma condição paradoxal, porque essa é uma questão que nos remete à
singularidade e universalidade dos seres humanos. Por tanto, trata-se de uma
construção pessoal pertencendo a coletividade. Além disso, vivenciar a condição
humana permeia uma condição paradoxal de materialidade, no que se refere às
questões corpóreas e espiritualidade, de divindade e alma (Pés na terra
sonhando com o céu). Um ser finito que anseia pelo infinito (ideias, sonhos,
utopias); E percebe conceitos sobre o que é mortal e a imortalidade;
Vivenciando um espaço privado e compartilhado; Ordinários almejando o
extraordinário. (Heráclito).
A condição humana
permite busquemos o enraizamento e a abertura. Enraizamento seria a
constituição das raízes na condição humana. “Encontrar raízes é encontrar lugar
a partir do qual é possível destinar-se.” Cardella (2011). Criar sentido.
Podendo seguir numa Dimensão horizontal: transito no mundo e em uma Dimensão
vertical: altitudes e profundidades do existir humano.
A condição humana pressupõem:
Registros Ônticos,
ou seja, registros dos contatos: a biografia do ser, suas necessidades,
conflitos, limites, projetos e etc...
Registro ontológico (Estudo da existência): Ethos humano. (Ethos
significa costumes de um grupo). Constituem o Ethos: a hospitalidade; o
pertencimento; o reconhecimento; a singularidade; a criatividade; a responsabilidade;
a transcendência.
O método
experimental: Todos os cientistas, de qualquer área, buscam captar e explicitar
o verdadeiro significado da realidade e para isso entendem que precisam de
objetividade. Esta é a lógica da ciência moderna. O método experimental busca a objetividade através da
anulação da subjetividade. A partir do século XIX, o método experimental passou
a ser utilizado por todas as ciências, inclusive pela Psicologia, o que
implicou em considerar o ser humano como um objeto entre tantos outros objetos
na natureza, governado por leis naturais que determinam seus eventos
psicológicos.
A
fenomenologia é um tratado científico a respeito da
descrição e classificação dos fenômenos. É uma ciência subjetiva que estuda o próprio fenômeno. O termo
“Fenomenologia” provém do grego “phainesthai” que é tudo aquilo que se revela,
não somente aquilo que aparece ou parece e, “logos” que significa estudo,
pensamento -capacidade de refletir. Por tanto, é uma reflexão sobre um fenômeno
ou sobre aquilo que se mostra. O que se mostra e como se mostra.
- A percepção
categorial é imediata, espontânea, pré-reflexiva, própria da vida
cotidiana. Nela não há separação entre consciência e objeto, este é
captado na sua totalidade por intuição.
·
Considerações sobre o pai da fenomenologia, Edmund
Husserl - (1859 -1938) morava em um antigo império austríaco hoje república
checa. Estudou física, matemática, astronomia e filosofia em varias
universidades, como Berlim e Viena. Em 1884, foi para Viena, obter contato com
Franz Brentano e descobre sua vocação filosófica.
A Fenomenologia
entende que o caminho para se compreender o fenômeno deve ser construído pela
descrição. A descrição leva o observador à experiência do fenômeno. Assim que o
investigador se envolver na observação, uma experiência entre ele e o fenômeno
começa a se processar, dando-se, a seguir, a automanifestação do fenômeno, ou
seja, o próprio fenômeno inicia o seu processo de revelação. “Suspenso” de
qualquer julgamento ou teoria, o observador fenomenológico tem condições de ver
atentamente e chegar à “descrição” do fenômeno, e a descrição é um ato que
nasce da observação desnudada de apriorismos.
A relação
sujeito-objeto, ocorre no direcionamento da consciência (de um ser) para um
objeto e depois volta do objeto para a consciência, é assim que se dá a
intencionalidade. Ou seja, a consciência é sempre intencional e está constantemente
voltada para um objeto e este é sempre objeto para uma consciência. A
intencionalidade é o ato de atribuir um sentido. É ela que unifica a
consciência e o objeto, o sujeito e o mundo.
“Um
modo de investigação da realidade que consiste na investigação e descrição
cuidadosa dos fenômenos, com o compromisso por parte do investigador de deixar
de lado ideias pré-concebidas, teorias explicativas, apriorismos e
pressupostos.”
Esse processo de investigação se constitui
da seguinte forma:
Vemos a realidade, a
observamos com atenção, a descrevemos fielmente, e damos nossa compreensão
cuidadosa, trabalhamos no aqui e agora; estando atentos à temporalidade, à
espacialidade, como a pessoa se revela na terapia, estamos atentos à pessoa
como um todo.
(Ribeiro, J.P.,1997)
Atitude
fenomenológica é de:
Questionar o que se vê;
Buscar naquilo que se apresenta o
como da relação;
Desdobrar o sentido da fala do
cliente: o que é?
“Ir à coisa mesma” perseguir o dado
que se repete;
Não só descreve mas percebe o
diferente no que se repete.
O terapeuta com
seus instrumentos ajuda o cliente a perceber seus próprios instrumentos para
poder lidar com suas questões. Não só descreve mas percebe o diferente no que
se repete. De acordo com a fenomenologia devemos questionar
o que se vê, buscar saber como se dá as relações e o desdobrar do sentido da
fala do cliente (O que se repete? Como se apresenta?). O comportamento repetido
acaba surgindo quando há um processo inacabado e que necessita de fechamento.
Aula Professor Roberto Peres Veras
& Professora Ivete ministradas no curso de psicologia da Faculdade Unisa
sobre Abordagens Humanistas.
Muito bom!
ResponderExcluir