GREENSON,R.Ralph. A Técnica e a Prática da Psicanálise. Vol.1.
Rio de Janeiro: Imago, 1981.
Retirado da aula de psicanálise. Professor, Dr. Heidrich.
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TRANSFERÊNCIA
Cap. 3
fenômeno inconsciente, “é uma repetição,
uma nova edição de um relacionamento objetal antigo”. Sua “característica
principal é a vivência de sentimentos – em relação a uma pessoa – que não está
endereçada àquela pessoa e que, na verdade, está a outra. […] uma pessoa no
presente é reativada como se fosse uma pessoa do passado”(p.168). Ou seja, “é
uma repetição e é inadequada”(p.171).
Transferência…
“Pode conter qualquer dos componentes de uma
relação objetal”: […] vivenciada como sentimentos, impulsos, desejos, medos,
fantasias, atitudes, idéias ou defesas contra isso tudo”(p.168).
“As pessoas que são as fontes originais das
reações transferenciais são as pessoas importantes e significativas da infância
primitiva (Freud,1912ª,p.104)” (p.168).
Ocorre dentro e fora da análise, tanto nos
neuróticos e psicóticos quanto nas pessoas saudáveis.
Duplo poder (p.167)
“instrumento de valor insubstituível”:
oportuniza a investigação do passado e o inconsciente.
“fonte
dos maiores perigos”: desperta resistências que são obstáculos ao trabalho do
analista.
“Reações Transferenciais”
GREENSON prefere usar o termo “Reações
Transferenciais”, uma vez que considera os fenômenos transferenciais como
“muitos, múltiplos e variados”(p.168).
São sempre inadequadas no contexto atual,
embora adequadas na situação do passado.
Como repetições, podem estar a serviço de
“oportunidades tardias para a satisfação” ou “como uma defesa contra a
recordação”. “A repetição pode ser uma cópia exata do passado ou […] uma versão
modificada […] em direção à satisfação do desejo.”(p.169).
A situação analítica…
facilita as reações transferenciais,
utilizando-as para “interpretação e reconstrução”.
Os neuróticos, os frustrados e as pessoas
infelizes são propensos às reações transferenciais, sendo o analista um alvo
ideal (bem como as pessoas importantes na vida do paciente).
Quadro clínico: características gerais (p.171)
Inadequação: “a inadequação de uma
reação a uma situação atual é o primeiro sinal de que a pessoa que desencadeia
a reação não é o objeto verdadeiro ou decisivo. Ela indica que a reação,
provavelmente, pertence e se encaixa num objeto no passado” (p.173).
Características…
Intensidade: “Em geral, as reações
emocionais intensas em relação ao analista são indicativas de transferência.”
Há, também, a possibilidade de reação realista do paciente, exemplo: quando o
analista dorme na sessão – Porém, é preciso considerar a possibilidade de que
“haja sempre um núcleo transferencial além da superestrutura realista”.
“A ausência de reações também é um
sinal seguro de transferência. O paciente pode estar tendo reações mas as está
controlando por que está acanhado ou com medo”(p.174). “Ausência prolongada
de sentimentos, pensamentos ou fantasias sobre o analista é um fenômeno
transferencial, uma resistência transferencial” (p.175).
Ambivalência
“todas
as reações transferenciais se caracterizam pela ambivalência, a coexistência de
sentimentos opostos. […] um aspecto do sentimento é inconsciente. […] A
ambivalência pode ser facilmente detectada quando os sentimentos envolvidos são
inconstantes e mudam inesperadamente”. “[…] na transferência também podem
ocorrer reações pré-ambivalentes. A figura do analista é dividida num objeto
bom e num objeto mau […]. Quando os pacientes que reagem desta maneira – e eles
sempre são os mais regredidos – conseguem perceber a ambivalência que sentem
pelo mesmo objeto unitário, isso demonstra que houve um progresso enorme” (p.176).
Inconstância
“Os sentimentos transferenciais são, em
geral, inconstantes, irregulares e excêntricos. Principalmente no começo da
análise. Glover (1955) chamou de ‘reações transferenciais ‘flutuantes’.”(p.177).
Tenacidade: “Enquanto as reações
esporádicas costumam aparecer no início da análise, as reações rígidas e
prolongadas têm mais probabilidade de surgir nas fases mais avançadas” (não é
regra). […] A tenacidade e a falta de espontaneidade são sinais de reações
transferenciais. […] são devidas a uma combinação de defesa inconsciente e
satisfação instintual.” (p.179).
“É a inadequação em termos de intensidade,
ambivalência, inconstância ou tenacidade que mostra que a transferência está em
ação.” (p.180).
O Relacionamento Real entre Paciente e
Analista (p.240).
“As reações transferenciais e a aliança de
trabalho são, clinicamente, as duas variedades mais importantes de relações objetais
que ocorrem na situação analítica”.
No decorrer da análise também surge um
‘relacionamento real’ entre paciente e analista:
comparado com o termo transferência (irreal,
distorcido, inadequado), real pode significar realista ou “não-distorcido”.
“Pode também se referir a genuíno, autêntico, verdadeiro…”
O termo Real será usado para “me
referir ao relacionamento realista e genuíno entre analista e paciente”.
“Tanto no paciente como no analista, as reações
transferenciais são irreais e inadequadas mas são genuínas, são verdadeiramente
sentidas. Em ambos, a aliança de trabalho é realista e adequada mas é um
artifício da situação de tratamento. Em ambos, o relacionamento é genuíno e
real. O paciente utiliza a aliança de trabalho a fim de entender o ponto de
vista do analista mas suas respostas transferenciais tomam a dianteira se
aparecerem. No analista, a aliança de trabalho toma a dianteira sobre todas as
outras respostas diretas ao paciente” (p.240-241).
“O comportamento do analista, de firme
aceitação e tolerância, sua busca constante de compreensão, sua franqueza,
objetivo terapêutico e sua reserva funcionam como o núcleo sobre o qual o
paciente constrói um relacionamento objetal realista. Estes traços – dignos de
confiança – do analista, induzem o paciente a estabelecer as diversas
identificações que se tornam o âmago da aliança de trabalho” (p.242).
Para uma aliança de trabalho…
O analista deve ser uma pessoa que pode ter
empatia e sentir compaixão sinceramente e mesmo assim manter uma reserva. Às
vezes, é preciso causar sofrimento. Mas o tratamento psicanalítico não pode ser
feito num ambiente de austeridade constante, distanciamento gelado ou euforia
prolongada” (p.245).
As reações contratransferenciais…
“devem ser detectadas e controladas. As
reações violentas e realista também devem ser controladas, a natureza de tais
reações talvez indique a possibilidade de ter selecionado um paciente com quem
não consegue trabalhar”(p.246).
As reações transferenciais…
No paciente, “predominam na longa
fase intermediária da análise. O relacionamento real fica em primeiro plano no
início e torna a ficar em evidência na fase final. A aliança de trabalho se
desenvolve lá para o final da fase introdutória mas recua periodicamente até o
paciente se aproximar da fase final do tratamento”.(p.246).
No analista, “a aliança de
trabalho deve predominar do começo ao fim. A contratransferência deve ficar
sempre em segundo plano. O relacionamento real deve ficar mais livre somente na
fase final” (p.246).

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