quarta-feira, 12 de junho de 2013

PSICODIAGNÓSTICO

Os momentos do processo psicodiagnóstico:


I – Entrevista Inicial com o paciente e pais;
II – Aplicação de testes e técnicas projetivas;
Opções: 1) Hora lúdica + desenho livre. 2) HTP. 3)DFE/CTA/TAT. 4) RAVEN/ BENDER;
III – Encerramento do processo: devolução oral ao paciente/ pais;
IV – Informe escrito para a fonte encaminhadora.

Entrevista inicial

A entrevista inicial é semi-dirigida, pois apresenta um momento diretivo na apresentação e enquadre, é livre quando o paciente fala – o psicólogo apenas escuta e, diretivo quando fecha a entrevista.
O principal objetivo da entrevista inicial é conhecer o paciente exaustivamente, investigar os dados fornecidos para formular hipóteses e planejar os testes a serem aplicados.

Enquadre

Há algumas questões fundamentais a respeito do enquadre:
a)      É preciso esclarecer os papéis de cada um durante o processo. Relação assimétrica;
b)      Lugar e o horário para realização dos encontros;
c)      Duração; Quantas sessões serão necessárias;
d)     Honorários do psicólogo;
e)      Toda e qualquer alteração no contrato feito com o paciente não pode prejudicar o psicólogo nem o paciente.

Objetivos da entrevista Inicial:

1)      O motivo da consulta;
2)      A primeira impressão: Roupas/quietude/ linguagem corporal/ gestos e expressão facial;
3)      A verbalização – O conteúdo manifesto e o latente/ Tom de voz/ o tempo que usa para falar;
4)      Coerência entre o que fala e o que gesticula;
5)      Planejar os testes a serem aplicados;
6)      Estabelecer um bom rapport;
7)      Perceber transferências e contratransferências;
8)      Avaliar o vínculo do paciente com os pais e vice-e-versa;  E essa relação com o psicólogo;
9)      A capacidade de elaboração dos pais diante da situação diagnóstica e prognóstica;

Durante a entrevista inicial é crucial observar:

1)      As ansiedades predominantes;
2)      As condutas defensivas;
3)      Aspectos adaptativos e patológicos

Em resumo o psicólogo precisa “detectar a coincidência ou discrepância entre motivos manifestos e latentes da consulta, o grau de aceitação, por parte dos pais e do paciente, daquele que se revela ser o ponto de maior urgência assim como a possibilidade do paciente, e de seus pais, de conseguir um insight. Esta dinâmica surge porque o motivo da consulta é um elemento gerador de ansiedade.” (O’CAMPO, p.35).

            Anamnese

É feita com os pais (mãe e pai). Se eles não puderem comparecer juntos, então que se faça a entrevista separada.
Importante: Devemos evitar o interrogatório, pois assim levantaremos angústias e sentimentos de culpa desnecessários.

Os principais aspectos a serem investigados na anamnese:

1)      A queixa principal.
2)      A história e evolução dessa queixa.
3)      Outras queixas ou sintomas associados?
4)      Há efeitos de um distúrbio emocional sobre o funcionamento presente?
5)      O que pensa o paciente sobre os problemas e atitudes identificados?

BIO
PSICO
SOCIAL
Saúde materna: Gestação/ pré-natal/ perinatal/ Condições do parto – complicações?/ Local do parto.
Como foi a internação para fazer o parto? A relação com os médicos; enfermeiros; estava sozinha ou acompanhada?
Doenças na família: Física e psíquica/ alcoolismo/ dependente químico/ suicídios.
Se houve planejamento do filho. Noticia da gravidez.
Quando nasceu: peso e estatura.
Se já fez alguma cirurgia. Algum traumatismo, queda? Nervosismo. Doenças infeccionas ou de qualquer ordem.
Quando começou a andar e falar? Marcha e desenvolvimento psicomotor. Lateralidade. – quala a mão dominante?
Sono – distúrbios?
Faz acompanhamento médico?
Inicio e desenvolvimento da linguagem. Distúrbios?
Qual o estado de saúde dos pais?




Sentimento que a criança despertou nos pais quando nasceu.
Amamentação – tinha reflexo de sucção? Mamava com que frequência? Usou mamadeira no inicio? Lactância mista ou só artificial?/ Desmame - condições/ hábitos horais/ chupeta/ Introdução de outros alimentos/ Alimentação atual/ Atitude da mãe frente a alimentação do filho/ Como se dá o momento de alimentação?/ Dentição/ Sono/ Como dorme/ onde dorme/ O que necessita para dormir/ Há distúrbios do sono?/ Inicio e desenvolvimento da linguagem.
Controle dos esfíncteres/ Como largou as fraudas?/ Sentimento da mãe com relação a higiene./ Sentimento da criança ao ser vista nua ou quando fica suja. Há manipulação dos excrementos?
Sexualidade – curiosidade, perguntas, como aborda o tema (criança e pais), explicações – termos usados pela criança e pais. Masturbação? Sentimentos que despertam nos pais.
Relação do nascimento com os irmãos;
Houve falecimento de alguém próximo? Como é – resumidamente – a personalidade dos pais?
Como é – resumidamente – a personalidade dos irmãos?
Pedir para falar sobre um dia da semana e um final de semana com o paciente.- AVD – atividade da vida diária.
O que gosta de fazer com os objetos? Como manuseia? Fantasias.
Manejo com o dinheiro e pose de objetos.
Desejos da criança.

A constelação familiar do paciente e o seu lugar dentro dela.
Houve novo matrimônio dos pais? Os pais são separados?
Qual a profissão dos pais?
Como é a relação entre os pais?
Como é a relação dos pais com o filho?
Como é a relação do filho com os irmãos?
Há comparação entre os filhos?
Como é o ambiente social dessa criança? Amigos, nível social, escola, cursos e etc.
Quais são as condições gerais dessa família? Econômica, moradia, grau de satisfação e etc.
Qual o papel dos parentes (Avós, tios, primos) e empregados no ambiente familiar?
A constelação familiar do paciente e o seu lugar dentro dela.
Brinquedos, como brinca e com quem brinca? Tipos de Recreações.
Ingresso na escola e rendimento escolar. Onde estuda?








A HORA DO JOGO

É o momento de observar e avaliar a criança. Aberastury fala que é por meio do brincar que a criança expõem seus principais conflitos, os mecanismos de defesa que utiliza e as fantasias de enfermidade e cura. Para ela, qualquer brinquedo possibilita a ludicidade projetiva para a realização do diagnostico. E mais, recomenda a não interpretação durante a entrevista lúdica, pois não temos recursos suficientes para saber se a criança precisa ou não de tratamento e qual técnica deve ser utilizada caso precise.

Temos a horado jogo diagnóstica: que é um processo com começo meio e fim. E a hora do jogo terapêutica: Que é utilizado como ferramenta de intervenção do terapeuta em cada encontro.

O papel do psicólogo é de Observador Participante. Não deve interferir, somente responder às perguntas com:
“Como quiser”
“Como preferir”

O que interpretar?

Qual a Fantasia de Doença?
Qual a Fantasia de Cura?
Obs.: Não anotar durante o desenrolar da entrevista lúdica.

Desenvolver o treino de observação e fazer o registro em seguida.

O que observar?

Como a criança se aproxima dos brinquedos, o que escolhe e a sequência dos seus movimentos.
Como maneja o espaço e tempo de cada atividade.
Os órgãos dos sentidos (ouve o que você propõe? Necessita aproximar-se dos brinquedos excessivamente?, etc...).
As atividades motoras, verbalizações, repetições de movimentos e/ou volta para atividade inicial.
A escolha do brinquedo está relacionada com o momento evolutivo emocional e intelectual da criança.
A avaliação da motricidade: revela  a integração do esquema corporal, lateralidade e estruturação espaço-temporal.
A personificação: é a capacidade para assumir e desempenhar papéis no brinquedo. Indica o equilíbrio entre o superego, o id e a realidade.
A criatividade é um processo mental de manipulação do ambiente, onde surge novas ideias, formas e relações.
O jogo (brincadeira) é uma expressão da capacidade simbólica e via de acesso às fantasias inconscientes.
É a possibilidade de deslocar para outras situações, pessoas, objetos, sentimentos, ideias, conflitos.
Tolerância à frustração e adequação à realidade mostram as capacidades egóicas junto com o princípio do prazer e da realidade.
  

Referências:

ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos, Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
ABERASTURY, Arminda. Psicanálise da Criança: teoria e técnica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
OCAMPO, M.L.S. e col . O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
WINNICOTT, D.W., O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1975.













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