domingo, 2 de junho de 2013

Setting - Revisão das Técnicas Psicanalíticas

Por: Viviane Lopes


O setting representa a qualidade de uma ambiente, físico e emocional, adequado às necessidades que envolvem o processo terapêutico. Em outras palavras “É a soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o processo Psicanalítico.”(Zimerman 2004 p.67)

É resultado da união de todas as regras pré-estabelecidas no “contrato analítico”. É útil mencionar que esse contrato não pode se originar apenas de uma “imposição do analista”, mas sim, deve ser instituído em conjunto com o paciente. (Zimerman, 2004)

Desde já destaca-se a importância do setting como elemento terapêutico psicanalítico, “pela criação de um novo espaço que possibilita ao paciente reproduzir, no vinculo transferencial, seus aspectos infantis e a um mesmo tempo, poder usar a sua parte adulta para ajudar o crescimento daquelas partes infantis, possivelmente frágeis e algo deamparadas.” (Zimerman, 2004 p. 67)

O setting é igual para todos os pacientes; Com exceção das pessoas que estão envoltas por uma espessa película autística, pois neste caso o terapeuta deverá aceitar algumas mudanças, seja para com o paciente, seja para com a família deste. (Zimerman, 2004)

É imperioso preservar o setting, embora é preciso que o analista atente-se para não haver uma rigidez de sua parte. Mas “a vantagem de se preservar” o contrato estabelecido é que o setting se torna um subsídio da “realidade exterior”. (Zimerman, 2004)

Assim o enquadre combinado auxilia a instalação “necessária entre o eu e os outros”. (...) Possibilita desfazer a ideia que alguns pacientes têm, de que o analista está em pé de igualdade com o analisando. Essa visão ilusória de simetria, não condiz com a realidade de que o terapeuta exerce um papel diferente, possui valores diferentes, com capacidades técnicas oriunda dos seus anos de estudo, características estas, que são necessárias para a eficácia do tratamento. Vale a pena destacar que como seres humanos somos todos iguais, contudo os direitos e deveres, papéis e atribuições não são iguais.  (Zimerman, 2004 p. 69)

Do mesmo modo que pode ocorrer um desvirtuamento do contrato devido a rigidez do terapeuta, também possível de acontecer uma permissividade, por isso é necessário a preservação do contrato. (...) É um equivoco acreditar que por sermos seres isomórficos, ou seja, iguais na nossa natureza humana, não devemos frustrar o paciente, (quando necessário) atendendo todas as suas solicitações.(...) é preciso perceber as disparidades entre o analista que é “bonzinho” e nunca frustra seu paciente e o que frustra quando necessário para o enfrentamento das dificuldades.  (Zimerman, 2004)
“Devemos considerar o fato de que o analista, que evita ao máximo frustar o paciente em seus pedidos, por mudança nas combinações do setting, chegando a ponto de fazer alguns sacrifícios pessoais, pode estar encobrindo uma atitude sedutora a serviço de seu narcisismo ou o seu medo diante de uma possível revolta e rejeição por parte do analisando.” (Zimerman, 2004 p. 69)

Outra questão também deve ser observada, “o controle sádico, inconsciente, por parte do analista (não é a mesma coisa que impor frustrações necessárias) pode leva-lo a utilizar frustrações e privações severas e desnecessárias.”(...). Por isso é preciso perceber que é através das frustrações inevitáveis vivenciadas no setting que os pacientes poderão elaborar seus conflitos internos. (Zimerman, 2004 p. 70).

Por fim, podemos concluir que a principal função do setting é a de estabelecer um ambiente onde o paciente se sinta livre para novamente experimentar situações passadas, que lhe foram conflitantes e, junto com o analista encontrar novos significados para essas experiências.

Referência:
Zimerman, David E. (2004) Manual de técnica psicanalítica: uma re-visão/ David E. Zimerman. Porto Alegre. Artmed.

Fonte: Manual de técnica psicanalítica


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quero saber o que você achou desse post. Deixe seu comentário aqui que eu vou tentar responder na medida do possível!