quinta-feira, 13 de junho de 2013

MATERNIDADE, GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA


Na atuação com mulheres que estão nos períodos de gestação e *puerpério, se psicólogo compreender e explicar todos os seus fenômenos aparentes somente pelo olhar psicológico, estará cometendo um grande erro, pois nesses períodos, as mulheres apresentam alterações hormonais, corporais, sociais e profissionais, por isso, é preciso saber que há a existência de outras variáveis que não são apenas psicológicas. Desse modo, o psicólogo não pode se limitar a ter um conhecimento restrito à psicologia, é necessário o conhecimentos de aspectos sociais e biológicos.
O psicólogo deve conhecer as fases de uma gravidez, pois só assim poderá orientar a gestante em cada estágio, já que cada período tem características diferentes e riscos específicos.

*puerpério – dura por volta de 8 semanas.

Pré-Natal

 O pré-natal, quando é feita a prevenção de problemas gestacionais e o controle para o desenvolvimento de problemas psicológicos, é uma das primeiras formas do contato da mulher com a própria gravidez e, é nesse momento que os pais podem falar sobre suas dúvidas e fantasias. Também é quando os fatores de risco psicológico são identificados.

Fatores de risco:

- gravidez indesejada
- na relação conjugal
- história prévia de problemas psiquiátricos
- conflitos sobre a própria maternidade
- baixo apoio psicossocial
- menoridade
- ser solteira
- antecedentes de aborto e possibilidade de interromper a atual gravidez
  

Como identificar os sintomas?

Muitos dos sintomas naturais da gestação estão sobrepostos à sintomatologia depressiva: cansaço, letargia, labilidade emocional, irritabilidade, mudanças de apetite, diminuição da libido, distúrbios do sono e preocupação com o corpo. Assim, a avaliação psicológica ajuda na discriminação de sintomas e sentimentos relacionados ao estado da gravidez, maternidade, preocupação natural com a saúde do bebê, com problemas pessoais relativos à capacidade de adaptação ao seu novo papel e/ou queixas relacionadas com a condição orgânica da gestante.

Os fatores mais comuns que contribuem para uma gravidez de risco são:

- O trabalho de parto prematuro (é considerado prematuro o feto que nasce entre a 23ª e a 37ª semana).
- Doença hipertensiva específica da gravidez (o surgimento concomitante ou isolado de hipertensão, edema e proteinúria – perda de proteínas pela urina) em gestantes anteriormente saudáveis.
- Diabetes gestacional (desenvolve-se durante a gravidez e caracteriza-se pela descompensação dos níveis glicêmicos).
- Amniorrexe prematura – ruptura da membrana amniótica quando o colo ainda está imaturo e o feto é prematuro.

Mesmo que mãe e bebê estejam bem, é importante o psicólogo investigar:

- A vida conjugal
- Os eventos de vida estressantes
- Os problemas relacionados à infância da mãe
- As disfunções familiares
- A falta de suporte social
- Os problemas psiquiátricos existentes

Transtornos Psiquiátricos

O blues atinge de 50 a 75% das puérperas e, podem apresentar por volta do 4º ou 5º dia após o parto. Esse quadro clinico, trata-se de um distúrbio emocional transitório e está associado a uma questão hormonal. Apresenta algum grau de humor depressivo ou de tristeza (labilidade emocional*, irritabilidade) nos primeiros dias após o parto, que tende a diminuir após o 10º dia. Esse quadro se diferencia da depressão pós-parto, pois não apresenta comprometimento da vida social ou da relação entre a mãe e o bebê.

*labilidade emocional – instabilidade afetiva.

A depressão pós-parto é um distúrbio muito comum e os principais fatores de risco são:  
- O desajuste no casamento;
- Eventos estressantes de vida;
- Expectativas maternas;
- Preocupações referente aos cuidados com o bebê;
- Problemas familiares;
- Falta de suporte social;
- Ambivalência na gravidez;
- Estresse obstétrico;

É importante ressaltar que sintomas semelhantes à dos quadros depressivos também ocorrem em outros momentos do ciclo reprodutivo feminino, como a ansiedade, humor deprimido, insônia, anedonia – incapacidade para sentir prazer.

Embora a psicose seja um distúrbio menos comum, é o mais grave, pois os riscos para o bebê e para a mãe são alarmantes. Esse quadro tem início agudo dentro das quatro primeiras semanas após o parto. Os principais sintomas são: desconfiança, ideação paranoide, alucinações, discurso incoerente e desorganizado, mutismo, atos irracionais, confusão mental, desorientação tempo-espacial, alterações de memória, episódios transitórios de delírios paranoides, alucinações.

A diferença entre mães depressivas e psicóticas:

- Mães deprimidas: podem acreditar que seus bebês estão doentes ou possuem malformações, podem sentir-se culpadas por não sentirem amor pelo bebê.

- Mães psicóticas: pode estar sofrendo de algum delírio que coloca em risco sua vida ou a vida do bebê.

Como intervir?

Devemos propiciar um espaço facilitador para que possa favorecer uma reorganização e adaptação da gestante à gravidez de alto risco, parto e puerpério. O atendimento psicológico pode ser tanto individual quanto em grupo. É de grande importância a leitura do prontuário e a obtenção de informações com a equipe, para ajudar na avaliação psicológica. Neste contexto, é preciso verificar as situações conflitantes frente à gravidez, ao parto e a maternidade em geral, bem como a relação estabelecida com a gravidez e as reações presentes na hospitalização.

Pediatria

O adoecimento e a hospitalização infantil provocam experiências emocionais intensas e complexas e consequentemente há o surgimento de um novo contexto, a mobilização de recursos internos necessários para a adaptação à nova situação. Após o 5º dia de hospitalização, as crianças tendem a desenvolver transtornos psicológicos e/ou comportamentais, por isso é necessário detectar quais são as variáveis psicológicas da criança e da família que aumentam a probabilidade do  desenvolvimento desses transtornos.

Os fatores referentes à reação da criança com a doença e hospitalização dependem do grau de compreensão que ela tem sobre sua realidade. O psicólogo deve levar em consideração a capacidade cognitiva da criança de discriminar e compreender o que ocorre ao seu redor. Por isso, é fundamental que o psicólogo tenha conhecimentos acerca do desenvolvimento infantil, pois a doença pode comprometer a integridade física e psicológica da criança. Mas é importante ressaltar que cada indivíduo, independentemente da maturação biológica, cognitiva e emocional, pode perceber a doença e a hospitalização de maneira idiossincrática. Dessa forma devemos considerar o ambiente familiar, as regras e normas da rede social onde a criança está inserida.
As reações psicológicas frente à doença vão depender da faixa etária da criança, preocupações com sua integridade física, sensações de desconforto, sentimentos de abandono, punição e dificuldades no relacionamento social. Pode haver regressão e  passividade frente ao adoecimento, por exemplo o ambiente hospitalar pode ser visto como algo ameaçador, ativando manifestações psíquicas regressivas.
A comunicação com a criança é por muitas vezes, subestimada pela equipe médica que a isola da compreensão dos fatos. Já os pais, acreditam que estão protegendo seu filho quando o privam de informações. Mas é fundamental que seja esclarecido para a criança o que está acontecendo com ela. É seu direito, acompanhar o que se passa com ela, de acordo com seu nível de maturidade e com suas possibilidades de compreensão, então cabe aos adultos encontrar palavras que sejam condizentes com as capacidades de entendimento da criança. Essas informações possibilitam ao paciente organizar sua vida emocional, mobilizando recursos internos necessários para o enfrentamento da doença. Em contrapartida, o desconhecimento do que se passa com o próprio corpo, favorece o aumento do sofrimento psíquico e, as fantasias tomam o lugar das lacunas deixadas pela falta de esclarecimento. É evidente que só informar a criança não caracteriza a habilidade de elaboração do problema. É fundamental avaliar o significado que a doença tem para a criança e seus familiares, já que as crenças distorcidas que podem comprometer a adesão ao tratamento, o enfrentamento da doença e os níveis de qualidade de vida.

Os principais pedidos para atendimento em enfermaria pediátrica incluem:

- não colaboração com o tratamento;
- alterações de comportamento e humor;
- seguimento após situações traumáticas;
- acompanhamento em pré ou pós-operatório;
- acompanhamento após confirmação de diagnósticos graves ou prognósticos reservados;
- suspeitas de maus tratos.


A avaliação psicológica é também um procedimento utilizado na internação de crianças. Quando bem realizada e conduzida, pode reduzir o tempo de internação, o número de novas internações e o custo dos tratamentos médicos. Além disso, permite identificar e compreender o comprometimento emocional do paciente e seus familiares, identificando o que a doença representa e, as implicações da adaptação frente à rotina hospitalar.


Material: Professora Lívia, Faculdade UNISA.

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