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Sigmund Freud (1856-1939) |
Ao
logo do anos Freud (1911-1913) postulou algumas regras para a técnica
psicanalítica, conforme era observava na sua prática com os pacientes. Com isso,
ele esperava poupar alguns médicos que exerciam a psicanálise de um trabalho
desnecessário.
A
primeira advertência que ele faz é com relação ao habito de tomar nota dos
relatos que o paciente traz para a análise. Freud não admite essa prática, pois
anotar o discurso do analisando o analista foca a atenção em parte do que foi
dito e a outra parte acaba sendo excluída. E a intensão é justamente o oposto
dessa prática. “Consiste simplesmente em não dirigir o reparo para algo
específico e manter a mesma ‘atenção uniformemente suspensa’ em face a tudo que
se escuta.” (Freud, 1911-1913. P. 125). É preciso evitar que se concentre a
atenção em um único foco, pois dessa maneira não estaria o analista
correspondendo à confiança que o paciente lhe emprega ao relatar tudo o que
sabe a respeito de si próprio, de modo que uma parte de seu discurso nunca é
mais importante do que a outra, ambas devem ser igualmente valorizada e, isso
só se torna possível através a chamada, “atenção flutuante”.
Além
disso, focar a atenção em apenas um ponto do discurso faz com que o analista,
selecione o conteúdo apresentado e incorra no risco de não descobrir “nada além
do que já sabe” ou “falsificará o que possa perceber.” (Freud, 1911-1913 p.126).

A
prática de tomar notas só se justifica se for o caso de coleta de dados para um
estudo científico. Porém, é importante perceber que tratamento e pesquisa não
podem caminhar juntos. Ou seja, se o analista está tratando de um paciente, não
pode utilizá-lo como objeto de estudo e vice-versa. Uma vez que nem o
tratamento será benéfico nem a pesquisa contará com dados completamente
objetivos. (Freud, 1911-1913)
Outra
questão levantada é a que se refere ao modelo de analista que se abstém de
todos os sentimentos no momento da prática terapêutica. Embora não pudesse aconselhar
seus colegas nessa empreitada, ele assegura que é a melhor maneira de oferecer
ao paciente o “maior auxílio que lhe podemos dar” e ainda cercar o analista da “proteção
desejável para a sua vida emocional”. ( Freud, 1911-1913. p. 129)
Diante
disso, a psicanálise não aconselha que o analista, mesmo com a intenção de
superar as resistências do paciente, apresente aspectos da sua vida pessoal. Visto
que com isso, paciente e analista serão visto em pé de igualdade. Embora, como já
foi citado anteriormente, todos somos seres isomórficos, ou seja, iguais em
nossa natureza humana, mas diferentes quando se trata de um processo analítico.
Por isso é preciso haver uma assimetria entre o profissional, dotado de todas das
técnicas, e o paciente, que merece receber o respaldo da confiança empregada no
analista. Por tanto, o psicanalista “deve ser opaco aos seus pacientes e, como
um espelho, não mostrar-lhes nada, exceto o que lhe é mostrado.” (Freud, 1911-1913,
p.131).
Durante
a atividade analítica pode acontecer que profissional perceba que todas as
questões que afligiam o paciente foram solucionadas, e se veja tentado a
indicar novos alvos para trabalhar. Segundo Freud, isso é um erro, pois é
preciso respeitar as capacidades do paciente, em vez de tentar formar um
sujeito perfeito com base no que o analista considera ideal. Caso isso ocorra,
é possível que a sublimação imposta pelo analista, torne a vida desse sujeito
mais difícil do que ele sente que é. Em outras palavras, o analista deve
controlar esse desejo (próprio) de sublimação e se sentir satisfeito por haver propiciado
a seu paciente o benefício que ele necessitava. (Freud, 1911-1913).
Freud,
S. (1911-1913). Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard
Brasileira. Rio de Janeiro. Imago. 1996.
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