domingo, 2 de junho de 2013

Revisão das Lições de Psicanálise


Por não se considerar um bom hipnólogo  Freud (1910) abandonou o método catártico que Breuer praticava no tratamento de pacientes com histeria. Mais tarde ele percebeu que se pedisse aos pacientes que falassem tudo o que sabiam, mesmo estes alegando nada mais saber, ele insistia dizendo que o sabiam, mas precisavam falar para que o conteúdo viesse à consciência. Nós estamos falando da associação livre, uma técnica seguramente eficaz. Mesmo assim, Freud (1910) comenta que havia uma poderosa energia inconsciente sendo empregada para impedir que certas lembranças fossem recobradas. Esse mecanismo causador de obstáculos analíticos chama-se resistência. Freud postulou que a mesma energia, empregada para resistir que alguns pensamentos se tornassem conscientes, também havia agido, em outro momento, para reprimir essas lembranças no inconsciente. A psique se utiliza da repressão para buscar um equilíbrio entre os desejos violentos do id e as aspirações morais e estáticas da personalidade. 
Dessa forma o “impulso desejoso continua a existir no inconsciente à espreita de uma oportunidade para se revelar, concebe a formação de um substituto do reprimido, disfarçado e irreconhecível, para lançar à consciência, substituindo ao qual logo se liga a mesma sensação de desprazer – o sintoma – é protegida contra as forças defensivas do ego em um lugar do breve conflito, começa então um sofrimento.” (Freud, 1910. P. 42). Uma vez que esse conteúdo reprimido retornasse a consciência, o paciente encontraria o alívio para suas angústias.
Porém quanto maior é a força da resistência maior será a “deformação do elemento” a ser recobrado em análise. Do contrário, lembranças difíceis para o paciente são recobradas em sua forma real.
Freud (1910) afirma que esse processo também ocorre no nos sonhos, através da elaboração onírica, ou seja, quando sonhamos, conteúdos reprimidos no nosso inconsciente tentam se manifestar, porém o sonho poderá ser distorcido de acordo com a energia empregada pela resistência para manter esse conteúdo na escuridão. Por isso existem os pesadelos, que são a representação da ansiedade que o ego produz contra os desejos reprimidos violentos. De outra forma, abstendo-se de uma explicação fisiológica, os sonhos podem se manifestar como a satisfação de desejos reprimidos, ou a reprodução de situações vividas durante o estado de vigília.
De acordo com a psicanálise, “não existe nada insignificante, arbitrário ou casual nas manifestações psíquicas.” (Freud, 1910 p.50). Inclusive os lapsos, gestos e atos falhos.
Segundo Freud (1910 p.51), se juntarmos os sonhos, atos falhos, associação de ideias, ações sintomáticas e o exame de outros fenômenos que ocorrem no decorrer do processo psicanalítico, incluindo a transferência e a contratransferência, podemos chegar à conclusão de que a psicanálise é inteiramente capaz de conduzir à consciência o material psíquico patogênico, dando fim aos padecimentos ocasionados pela substituição.
Segundo Freud (1910) tanto para os homens quanto para as mulheres a origem dos desejos perturbadores são em maior parte de ordem sexual.
A final, o ar do nosso mundo civilizado é realmente favorável à atividade sexual? Fala-se tanto sobre sexo nas mídias e canais de comunicação, mas e os tabus, ainda existem?
 Para Freud (1910) “em matéria sexual os homens (quanto ser humano) são em geral insinceros. Não expõem a sua sexualidade francamente; saem recobertos de espesso manto, tecido de mentiras, para se resguardarem, como se reinasse um temporal terrível no mundo da sexualidade.” Freud (1910 p.52)
Diante disso, como se dá a terapia sem o despojamento desse manto de mentiras?
Se lidar com a sexualidade adulta é tão difícil, na visão de Freud, como é considerar a sexualidade infantil nos tempos atuais? É preciso frisar a enorme diferença entre sexo e sexualidade, antes de tudo. Pois quando falamos de sexualidade infantil, sob o olhar da psicanálise, entendemos que se trata de um desenvolvimento psíquico e maturacional vivenciado em etapas ricas até a chamada sexualidade adulta normal.
   



“Senhoras e senhores. Se quiserem, podem definir o tratamento psicanalítico como simples aperfeiçoamento educativo destinado a vencer os resíduos infantis.” (Freud, 1910, p.59)


Referência:
Freud, S. (1910) Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Cinco lições de psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos. Volume XI. Rio de Janeiro. Imago Editora.
  

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