Por não se considerar um bom hipnólogo Freud (1910) abandonou o método catártico que Breuer praticava no tratamento de pacientes com histeria. Mais tarde ele percebeu que se pedisse aos pacientes que falassem tudo o que sabiam, mesmo estes alegando nada mais saber, ele insistia dizendo que o sabiam, mas precisavam falar para que o conteúdo viesse à consciência. Nós estamos falando da associação livre, uma técnica seguramente eficaz. Mesmo assim, Freud (1910) comenta que havia uma poderosa energia inconsciente sendo empregada para impedir que certas lembranças fossem recobradas. Esse mecanismo causador de obstáculos analíticos chama-se resistência. Freud postulou que a mesma energia, empregada para resistir que alguns pensamentos se tornassem conscientes, também havia agido, em outro momento, para reprimir essas lembranças no inconsciente. A psique se utiliza da repressão para buscar um equilíbrio entre os desejos violentos do id e as aspirações morais e estáticas da personalidade.
Dessa forma o “impulso desejoso continua a
existir no inconsciente à espreita de uma oportunidade para se revelar, concebe
a formação de um substituto do reprimido, disfarçado e irreconhecível, para
lançar à consciência, substituindo ao qual logo se liga a mesma sensação de
desprazer – o sintoma – é protegida contra as forças defensivas do ego em um
lugar do breve conflito, começa então um sofrimento.” (Freud, 1910. P. 42).
Uma vez que esse conteúdo reprimido retornasse a consciência, o paciente
encontraria o alívio para suas angústias.
Porém
quanto maior é a força da resistência maior será a “deformação do elemento” a
ser recobrado em análise. Do contrário, lembranças difíceis para o paciente são
recobradas em sua forma real.
Freud
(1910) afirma que esse processo também ocorre no nos sonhos, através da
elaboração onírica, ou seja, quando sonhamos, conteúdos reprimidos no nosso inconsciente
tentam se manifestar, porém o sonho poderá ser distorcido de acordo com a
energia empregada pela resistência para manter esse conteúdo na escuridão. Por
isso existem os pesadelos, que são a representação da ansiedade que o ego
produz contra os desejos reprimidos violentos. De outra forma, abstendo-se de
uma explicação fisiológica, os sonhos podem se manifestar como a satisfação de
desejos reprimidos, ou a reprodução de situações vividas durante o estado de vigília.
De
acordo com a psicanálise, “não existe nada insignificante, arbitrário ou casual
nas manifestações psíquicas.” (Freud, 1910 p.50). Inclusive os lapsos, gestos e
atos falhos.
Segundo
Freud (1910 p.51), se juntarmos os sonhos, atos falhos, associação de ideias,
ações sintomáticas e o exame de outros fenômenos que ocorrem no decorrer do
processo psicanalítico, incluindo a transferência e a contratransferência,
podemos chegar à conclusão de que a psicanálise é inteiramente capaz de
conduzir à consciência o material psíquico patogênico, dando fim aos
padecimentos ocasionados pela substituição.
Segundo
Freud (1910) tanto para os homens quanto para as mulheres a origem dos desejos
perturbadores são em maior parte de ordem sexual.
A
final, o ar do nosso mundo civilizado é realmente favorável à atividade sexual?
Fala-se tanto sobre sexo nas mídias e canais de comunicação, mas e os tabus,
ainda existem?
Para Freud (1910) “em matéria sexual os homens (quanto ser humano) são em geral insinceros. Não expõem a sua
sexualidade francamente; saem recobertos de espesso manto, tecido de mentiras,
para se resguardarem, como se reinasse um temporal terrível no mundo da
sexualidade.” Freud (1910 p.52)
Diante
disso, como se dá a terapia sem o despojamento desse manto de mentiras?
Se
lidar com a sexualidade adulta é tão difícil, na visão de Freud, como é
considerar a sexualidade infantil nos tempos atuais? É preciso frisar a enorme
diferença entre sexo e sexualidade, antes de tudo. Pois quando falamos de
sexualidade infantil, sob o olhar da psicanálise, entendemos que se trata de um
desenvolvimento psíquico e maturacional vivenciado em etapas ricas até a
chamada sexualidade adulta normal.
“Senhoras e senhores. Se quiserem, podem
definir o tratamento psicanalítico como simples aperfeiçoamento educativo
destinado a vencer os resíduos infantis.” (Freud, 1910, p.59)
Referência:
Freud,
S. (1910) Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Cinco lições de
psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos. Volume XI. Rio de Janeiro. Imago
Editora.
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